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A construção de uma sociedade inclusiva foi tema de palestra promovida pelo Coletivo Antirracista do Colégio São Luís

O encontro abordou a filosofia Ubuntu, o racismo estrutural, a experiência dos palestrantes convidados com formação antirracista e a importância da inclusão em todas as esferas sociais.

“Construindo uma sociedade inclusiva: entendendo o conceito de Ubuntu” foi o tema central do Ciclo de Formação Continuada, realizado no dia 11 de junho de 2024, no Auditório São José de Anchieta, do Colégio São Luís. Organizado pelo Coletivo Antirracista de Pais, Mães e Responsáveis do CSL, o momento foi um marco na continuidade do compromisso do colégio com a luta antirracista, declarado publicamente em 2021. Além das famílias e de todos os alunos do Ensino Médio Noturno, o encontro contou com a presença do diretor-geral, Padre Edison de Lima, SJ, que ressaltou a importância desse tema para toda a Comunidade Educativa. 

Ele destacou que este é o primeiro momento formativo realizado em conjunto com o Coletivo Antirracista de Pais, Mães e Responsáveis, reforçando a parceria entre o coletivo e o colégio. Enfatizou que encontros como esse potencializa o trabalho de inclusão e de promoção dos valores humanos e cristãos que sempre fez parte do fazer educativo da Companhia de Jesus. Com essas ações do Colégio São Luís e do coletivo, a intenção é ajudar a superar todo tipo de preconceito e violação de direitos humanos, cuidando também daqueles que muitas vezes são negligenciados.  

Uma apresentação do Coletivo Griô marcou a abertura do encontro. Formado por alunos do CSL, eles encenaram o Conto do Jardineiro, de Camara Phyllis Jones, cujo enredo serviu de metáfora para a reflexão acerca do racismo estrutural. Tuna Serzedello, professor do CSL que foi o mediador da palestra, destacou a importância dessa reflexão do racismo enquanto marca histórica da nossa sociedade citando a autora Cida Bento, que incentiva o trabalho no território da memória para a construção de um futuro antirracista. 

Após a abertura, o primeiro convidado a falar foi Marcelo Batista Nery, antigo aluno do Ensino Médio Noturno do CSL e atual coordenador de transferência de tecnologia e head do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo. Marcelo compartilhou sua trajetória pessoal como jovem negro da periferia de São Paulo. Ele relembrou as dificuldades que enfrentou e explicou o modo como essas experiências moldaram o seu trabalho atual. 

Marcelo também falou sobre suas pesquisas referentes à violência urbana na cidade de São Paulo. Ele ressaltou que mudanças são possíveis e necessárias, destacando a importância de políticas públicas baseadas em dados científicos e da inclusão de diferentes perspectivas, como a de pessoas LGBTQIA+, no desenvolvimento de tecnologias. 

“(…) a educação antirracista é uma jornada contínua e que o colégio tem avançado significativamente nesse aspecto (…)”

Paulo Bacelar, professor e coordenador de área do CSL.

Dando continuidade ao tema de enfrentamento ao racismo, a professora Dayse Ramos, que atua no CSL e no Instituto Singularidades, abordou a questão do racismo recreativo, explicando que atitudes racistas disfarçadas de humor causam grandes danos e precisam ser combatidas. Ela mencionou a importância de se realizar atividades que despertem nos alunos a compreensão e a percepção do racismo no cotidiano escolar. 

Para reforçar a trajetória antirracista do colégio, Paulo Bacelar, professor e coordenador de área do CSL, apresentou uma linha do tempo dos trabalhos do Ensino Médio Noturno voltados a essa temática. Ele enfatizou a importância, para a história do EMN, de alguns acontecimentos do passado, como o Sarau da Diversidade, realizado em 2016, e o nascimento do Coletivo Griô, em 2017. Paulo destacou que a educação antirracista é uma jornada contínua e que o colégio tem avançado significativamente nesse aspecto, integrando a temática no currículo e promovendo debates e atividades que estimulam a reflexão e a ação. 

Encerrando as falas, Cláudia C. Menezes, membro do Coletivo Antirracista de Pais, Mães e Responsáveis do CSL, destacou a importância desse grupo na luta antirracista. Ela também explicou o conceito de “Ubuntu”, palavra banto que designa a filosofia sul-africana relacionada à coletividade. Nessa perspectiva, todas as existências individuais são interdependentes, e cada ser só existe à medida que o outro também existe. Diante disso, destacou a necessidade de um letramento e de uma formação contínuos que bebam dessa filosofia e promovam uma Comunidade Educativa mais inclusiva. 

Ao final, um espaço foi aberto para perguntas e considerações, permitindo uma rica troca de ideias e reflexões entre os presentes.

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