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Estudantes do Ensino Médio realizaram Estudo de Campo em Minas Gerais, Foz do Iguaçu e Amazônia

A proposta permitiu aos alunos vivenciarem na prática os aprendizados obtidos em sala de aula.

De 22 a 26 de maio, cerca de 300 alunos/as do Ensino Médio acompanhados/as por 19 profissionais do Colégio São Luís embarcaram em uma experiência de aprendizagem enriquecedora em três destinos distintos: Minas Gerais (1ª série), Foz do Iguaçu (2ª série) e Amazônia (3ª série).

A viagem foi uma oportunidade para os/as alunos/as observarem, identificarem, descreverem, refletirem e compreenderem contextos históricos, geográficos, artísticos, econômicos, ambientais e culturais diferentes. Tudo foi registrado no “Caderno de Campo”, um material especialmente preparado pela equipe pedagógica do segmento, que serviu como guia e roteiro para o processo de aprendizagem.

De acordo com o coordenador pedagógico do Ensino Médio, Rafael Araújo, a equipe de docentes do segmento trabalhou por cerca de três meses para estruturar os roteiros e as atividades de campo, envolvendo todas as áreas de conhecimento: “O Estudo de Campo faz parte de uma estratégia eficaz para reforçar a aprendizagem, permitindo que as atividades interdisciplinares oferecidas aos estudantes em sala de aula sejam materializadas na prática. O objetivo é solidificar esses estudos no CSL e desenvolver uma cultura de pesquisa de campo”, disse.

Rafael ainda explicou que durante esses cinco dias, uma equipe de professores/as ficou responsável por adaptar as atividades para os/as estudantes que não viajaram, garantindo a aprendizagem. Nesse mesmo período, algumas turmas fizeram Estudo de Campo para o Ibirapuera, MASP, Cinemateca e Feira Livre.

Estudo de Campo em Minas Gerais:

“Cidades do Futuro, Territórios em Movimento: Produção, Consumo e Igualdade Social e Econômica” foi o tema abordado pelos/as alunos/as da 1ª série do Ensino Médio Integral e IB (International Baccalaureate), que visitaram as cidades históricas de Ouro Preto, Mariana, Brumadinho e Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Entre tantas evidências de aprendizagem, as visitas aos museus, praças, feiras, igrejas, minas, chafariz entre outros pontos importantes das cidades colaboraram para a ampliação da  noção sobre  os  espaços  urbanos tendo  como  referencial  as  construções históricas e geográficas produzidas pelas sociedades ao longo do tempo; na reflexão  e  conscientização sobre  a  relevância da  preservação  dos patrimônios  materiais, imateriais e ambientais em consonância com os valores de cidadania, história, memória e emergência climática.

De acordo com o professor de História, Juliano Custódio Sobrinho, a proposta era fazer uma comparação entre dois tipos de cidades: as coloniais (Ouro Preto e Mariana) e a moderna (Belo Horizonte). Ele explicou que durante o processo, os/as alunos/as estudaram a história dessas cidades, incluindo suas ocupações, importâncias históricas, artísticas e ambientais. Eles/as também discutiram problemas relacionados à exploração da mineração e suas consequências sociais. Para Juliano, os/as alunos/as se envolveram bastante com a proposta e apresentaram evidências de aprendizado desde a fase pré-campo até a pós-campo.

“As cidades do futuro devem aprender com o passado, agir no presente e revolucionar o futuro.”

Júlia D.,
aluna da 1ª série do Ensino Médio.

É o que confirma a aluna Júlia D.: “Visitar os pontos históricos foi marcante, pois os resquícios dos acontecimentos estavam ao nosso alcance tátil. Por meio do Estudo de Campo foi possível compreender como as cidades do futuro devem aprender com o passado, agir no presente e revolucionar o futuro”, enfatizou.

As questões relacionadas ao meio ambiente, estudadas em todas as cidades visitadas, impressionaram o aluno Luís Henrique. No entanto, foi em Brumadinho que ele ficou mais impactado ao ver de perto todos os danos causados pelo rompimento da barragem. Conhecer as histórias dos habitantes da cidade, suas vivencias e desafios, contribuiu para ampliar sua compreensão sobre a complexidade dos problemas na região. Além disso, durante a visita a Brumadinho, Luís e os/as seus/as colegas também tiveram a oportunidade de conhecer o museu de Inhotim, o maior museu a céu aberto do mundo. Por lá, eles contemplaram obras de arte de diversos artistas, incluindo Adriana Varejão e Abdias Nascimento.

Luís ainda destacou outro ponto da viagem: “A experiência mais marcante foi quando entramos na Mina de Ferro da Passagem, primeiro porque andamos com um carrinho de mina, e também porque exploramos o interior da caverna e encontrarmos uma “lagoa azul” dentro dela. Toda a experiência foi ótima, os lugares que conhecemos foram muito bem escolhidos”, concluiu.

Estudo de Campo na Tríplice Fronteira: Argentina, Brasil e Paraguai

Com o tema “Travessias” e a questão norteadora “O que significa ser latino-americano/a?”, os alunos/as da 2ª série regular e IB realizaram um Estudo de Campo na Tríplice Fronteira: Foz do Iguaçu no Brasil, seguindo para a Argentina e o Paraguai.

A Tríplice Fronteira é uma região de grande importância econômica, populacional e cultural, marcada por diferentes identidades, idiomas, etnias e múltiplos conflitos. De acordo com o professor de Geografia, Thiago Souza Vale, o estudo pré-campo e trabalho de campo foram realizados de forma interdisciplinar, integrando elementos da educação antirracista e decolonial. Os  princiapais temas abordados foram fronteiras, identidades, colonização, imigração, tecnologias e modernidade.

Para aprofundar ainda mais a experiência, os/as estudantes realizaram diversas investigações, entre elas, das etapas de implementação de uma usina hidrelétrica e suas implicações socioambientais, da integração da economia regional através do comércio internacional e do turismo, da presença do trabalho informal transfronteiriço e da negligência do papel do Estado na promoção de políticas públicas de geração de emprego e renda na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.

Também conheceram o povo Guarani e as ruínas jesuíticas na cidade de Bella Vista, no Paraguai; as ruínas jesuíticas em San Ignácio, na Argentina; o Parque de Puerto Iguazú, na Argentina; o Parque Nacional Iguaçu, no Brasil; a usina de Itaipu, no Brasil, entre outros lugares.

A aluna Linda H. destacou a vivência como algo singular: “Achei o trabalho de campo uma experiência única que todos deveriam ter, pois você é capaz de aprender fora da sala de aula e vivenciar aquilo que está sendo estudado”, enfatizou.

Estudo de Campo na Amazônia: mais que uma lição, uma inspiração.

Segundo a professora de História, Silvana Gobbi Martinho, o Estudo de Campo na Amazônia permitiu aos/às estudantes da 3ª série aprofundar seus estudos sobre os processos de ocupação e os debates históricos em torno do território, identificando uma narrativa anticolonial. Eles também puderam entender o impacto da preservação dos saberes dos povos originários e do meio ambiente, o que levou a reflexões sobre a coexistência da natureza com o desenvolvimento humano e econômico.

Entre tantos estudos e aprendizagens, foi o espetáculo da natureza que encantou a aluna Maria Eduarda. Ela destacou não somente o nascer e o pôr do sol, mas também o dourado da tarde que avistou do barco: “Vou levar comigo! O céu de dia, tarde e noite, a floresta e o pouco de fauna que vimos. Foi lindo estar em contato com tanta coisa bonita. A viagem proporcionou momentos memoráveis nesse último ano do colégio. E esses momentos vão fazer do Ensino Médio uma lembrança boa”, finalizou.

“Conhecer a Amazônia a partir da experiência educacional de uma escola jesuíta é trabalhar temas como a biodiversidade, as identidades, o eu e o outro, a soberania nacional, a geopolítica, os conflitos socioambientais e as questões ambientais. Essas vivências colaboram para a formação acadêmica de acordo com os princípios jesuítas “ser mais para os demais” e “cuidar da casa comum”, finalizou a professora Silvana.